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Show de Caetano e Gil em Israel divide grupos na rede

Maria Luiza Veiga
Maria Luiza Veiga
Publicado em 17/05/2015 às 19:15
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Perspectiva da apresentação musical em Tel Aviv, um ano após ofensiva militar que deixou mais de 2 mil mortos em Gaza, causou a indignação de movimentos sociais / Foto: reprodução/Internet

Perspectiva da apresentação musical em Tel Aviv, um ano após ofensiva militar que deixou mais de 2 mil mortos em Gaza, causou a indignação de movimentos sociais Foto: reprodução/Internet

Quando foi anunciado que Gilberto Gil e Caetano Veloso irão se apresentar em 28 de julho, em Tel Aviv, duas comunidades rivais se mobilizaram em torno da pergunta: com o que combina a tropicália?

O questionamento, feito em dois grupos de Facebook com centenas de seguidores, levou a um debate no Brasil e em Israel sobre o evento.

A perspectiva da apresentação musical em Tel Aviv, um ano após a ofensiva militar que deixou mais de 2.000 mortos em Gaza, causou a indignação de movimentos sociais -e a criação da página chamada "Tropicália Não Combina com Apartheid".

O chamado ao boicote, porém, deu origem a um segundo movimento, dessa vez a favor dos shows em território israelense. O nome, "Tropicália Combina com Liberdade", foi escolhido como resposta à campanha anterior.

"[O boicote é] uma forma de pressão legítima e eficaz da sociedade civil, não só no âmbito cultural, por justiça, igualdade e liberdade, diante da inação dos governos e órgãos internacionais", diz à reportagem Pedro Charbel, coordenador de campanhas do Comitê Nacional Palestino de BDS para a América Latina.

No caso, BDS é a sigla para "boicote, desinvestimento e sanções", um movimento global com estratégias que buscam pressionar Israel pelo fim da ocupação de territórios palestinos. Há um debate a respeito do impacto real dessas práticas, em especial nos setores cultural e acadêmico.

SHALOM

O "Tropicália Não Combina com Apartheid" tinha reunido, até o domingo (16), mais de 5.000 assinaturas em uma petição on-line. A reportagem entrou em contato com as assessorias de imprensa de Gilberto Gil e Caetano Veloso, que não responderam aos pedidos de entrevista.

Não será a primeira vez, porém, que Gilberto Gil leva sua produção musical para Israel. Em 2011, ele esteve duas vezes no país com seus shows. O artista tem boa recepção por ali, e sua música "A Paz" foi tocada em hebraico em 2014 durante um protesto contra a ofensiva militar israelense em Gaza.

Israel tem, aliás, uma longa tradição de apreço pela música brasileira, com diversos clássicos traduzidos para o hebraico. Um dos grandes sucessos, nesse sentido, é o "Trem das Onze", de Adoniran Barbosa, cantado em Israel em uma simpática versão com o título de "Afilu Daká" ("nem um minuto").

Quando se deram conta do movimento contra a visita dos artistas, um grupo de "jovens cariocas" -que não divulgaram seus nomes reais- decidiu fazer uma campanha "com o objetivo de alertar o máximo possível de pessoas sobre os males do BDS na busca pela paz".

"Nós moramos por um ano em Israel e tivemos a oportunidade de conhecer de perto a verdadeira realidade do país", afirmaram em mensagem à reportagem. "O boicote é sempre a pior forma de lidar com um conflito, pois impossibilita o diálogo que procura uma solução."

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