Alimentação

Salmão consumido no Brasil não contém ômega 3, afirma especialista

NE10
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Publicado em 15/07/2013 às 18:49
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Essencial na nutrição do ser humano, o peixe não é querido apenas por ser uma boa fonte de proteína. Alguns deles, a exemplo do salmão, também são ricos em ômega 3, um ácido graxo que auxilia na melhora do humor e na prevenção de doenças cardiovasculares, alzheimer e depressão. O que muitos brasileiros não esperam é que o salmão consumido no País pode não conter este ingrediente importante. É o que afirma a nutróloga Marcella Garcez, que realizou um estudo com as principais diferenças entre o salmão selvagem - pescado de maneira natural - e o salmão cultivado em cativeiro, consumido no Brasil.

Em entrevista ao UOL, a especialista, membro da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), reitera que o salmão é natural das costas do Atlântico Norte e Pacífico e normalmente nasce em água doce, de onde migra para o oceano e retorna à água doce para a reprodução da espécie. Estes peixes também podem ser produzidos de outra maneira: por aquicultura, o cultivo de organismos aquáticos em cativeiro. Esta técnica é utilizada em várias partes do planeta, a exemplo dos lagos da América do Norte, Escandinávia e os lagos chilenos.

O salmão preparado em restaurantes e vendidos em supermercados na América e na Europa são, em sua maioria, de criações em cativeiros. O Brasil, por exemplo, é o terceiro maior importador de salmão do mundo, segundo a gerente da marca Salmón de Chile, que exporta salmão para as terras brasileiras. O País só fica atrás do Japão e dos Estados Unidos.

A principal diferença entre os dois tipos do peixe é que o salmão selvagem é essencialmente carnívoro e se alimenta, entre outras coisas, de algas oceânicas e fitoplâncton, substâncias fontes de ômega 3. O mesmo pescado produzido em cativeiro é alimentado com ração, que não possui o ácido graxo essencial. O salmão natural não tem capacidade de armazenar a substância, mas converte e a armazena em seu organismo.

Em visita ao cativeiro no Chile, a médica nutróloga Marcela Garcez constatou que o salmão criado desta forma tem ciclo de vida diferente dos que vivem livres na natureza. Uma das desvantagens da criação em cativeiro é o risco da proliferação de doenças.     

A Sálmon de Chile enviou ao Brasil mais de 67 mil toneladas de salmão em 2012 e afirmou que a produção do pescado no país está de acordo com os níveis internacionais de qualidade e possui as certificações ISO 9001, GlobalGAP, BAP e Global Aquaculture Alliance - organizações responsáveis por certificar a qualidade de produtos agrícolas em todo o mundo.

PIGMENTAÇÃO - O salmão de cativeiro é colorido artificialmente, um reflexo da alimentação do peixe durante o crescimento. Para adquirir a mesma cor da espécie livre, são adicionadas à ração carotenóides, como a astaxantina e cantaxantina. "O consumo excessivo destes pigmentos pode causar intoxicação e alergias", alertou Garcez em entrevista ao UOL.

Em 2004, a revista Science publicou uma pesquisa conduzida pela State University de Nova York, em Albany (EUA). O estudo descobriu que o salmão de cativeiro era nocivo à saúde porque tais pigmentos eram substâncias cancerígenas. Duas toneladas métricas de carne de salmão em estado selvagem e criado em cativeiro foram usadas para a conclusão da pesquisa.

Para a especialista, os poluentes e pesticidas mostrados na pesquisa não são resultado da pigmentação artificial ou da ração dada aos peixes. Garcez reitera que o ambiente artificial em que os peixes são criados é mais passível ao aparecimento de patologias microbiológicas, que por anos eram combatidas com substâncias tóxicas.

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