A mulher e a lei

"Mulher é morta porque recusou uma dança"

Por Gleide Ângelo
Por Gleide Ângelo
Publicado em 24/04/2017 às 8:32
Leitura:

Para a delegada, o combate ao feminicídio deve ser realizado de forma constante e preventiva / Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Para a delegada, o combate ao feminicídio deve ser realizado de forma constante e preventiva Foto: Diego Nigro/JC Imagem

Caros leitores,

No artigo de hoje, falarei sobre casos de feminicídios que em pleno século 21 ainda chocam a sociedade. Um desses casos ocorreu em 14/04/13 nas dependências de um bar, em Ponte dos Carvalhos, Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife, onde Jonathas Rodrigues da Silva matou Wanessa Maria Ventura com três disparos de arma de fogo porque ela não quis dançar com ele. Esse foi o motivo do crime, Wanessa se negou a dançar com Jonathas, por isso ele a matou.

O julgamento desse bárbaro crime ocorreu no dia 07/04/17 na Vara do Juri do Cabo de Santo Agostinho, onde Jonathas Rodrigues foi condenado pelo Conselho de Sentença por homicídio duplamente qualificado. Na sentença, o Juiz Dr. Luiz Carlos Vieira de Figueirêdo disse, "(...) o acusado agiu com extrema frieza. Matou tão somente porque a vítima não quis dançar com ele. O Brasil está entre os países com maior índice de homicídio de mulheres no mundo. Repiso, foi frio e matou porque a vítima não quis dançar, como se ela fosse uma escrava, uma coisa, um robô. Não há como não calibrar a maior a culpabilidade da conduta que constitui uma epidemia desse tipo de assassinato(...)." Jonathas foi condenado a pena de 14 anos de prisão em regime fechado.

São casos como esse que nos fazem refletir sobre o valor da vida de uma mulher. Pelo fato de ter nascido mulher, Wanessa perdeu a vida porque se recusou a dançar com um homem em um bar. O homem agressor, dominador tem a mulher como escrava, coisa, robô, exatamente como o magistrado Dr. Luiz Carlos Vieira de Figueirêdo descreveu na sentença. Elas são objetos de seus desejos, e se ousarem em desobedecê-los, eles as agridem e as matam. O combate ao feminicídio deve ser realizado de forma constante e preventiva.

Não podemos deixar que o mal maior ocorra, que é a morte. Por isso, as mulheres que são vítimas de violência doméstica devem denunciar os agressores e cessar a agressão no início, para que ela não evolua. Casos como o de Wanessa, ainda chocam a sociedade e devem ser punidos de forma célere e exemplar, como foi realizado. A cultura machista é o maior problema no combate a violência contra a mulher.

Por isso é necessário uma desconstrução dessa cultura perversa que coloca as mulheres em condições de inferioridade, vítimas de diversos abusos. A aplicação da Lei Maria da Penha é a principal arma que a mulher tem no combate a violência. Uma mulher ameaçada precisa de medidas protetivas de urgência, que irá lhe dar a segurança de que o agressor não irá importuná-la. O descumprimento da medida protetiva poderá causar a prisão preventiva do agressor ou o uso da tornozeleira eletrônica.

Por isso, é importante que as mulheres tenham conhecimento e consciência dos seus direitos, não permitindo ser agredida e maltratada. No primeiro grito, no primeiro empurrão, a mulher deve tomar a atitude de denunciar. A mulher não deve sofrer sozinha, calada. Ela precisa falar, externar o que está acontecendo. Quando ela divide o problema com alguém, ela poderá ter a ajuda que precisa. Essa ajuda poderá ser nos Centros de Referências, nas Delegacias de Polícias, na Central de Atendimento Cidadã Pernambucana. O importante é que a mulher não se cale. Não espere ser a próxima vítima de um feminicídio, denuncie e deixe a polícia lhe ajudar e lhe proteger.

VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA !!

EM QUAIS ÓRGÃOS BUSCAR AJUDA VIOLENCIA CONTRA A MUHER:

» Centro de Referência Clarice Lispector – (81) 3355.3008/ 3009/ 3010

» Centro de Referência da Mulher Maristela Just - (81) 3468-2485

» Centro de Referência da Mulher Márcia Dangremon - 0800.281.2008

» Centro de Referência Maria Purcina Siqueira Souto de Atendimento à Mulher – (81) 3524.9107

» Central de atendimento Cidadã pernambucana 0800.281.8187

» Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal - 180

» Polícia - 190 (se a violência estiver ocorrendo)

Mais lidas