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Dólar recua para R$ 3,19 após discurso "realista" de Levy no Senado; bolsa cai

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 31/03/2015 às 18:08
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No último dia do mês as moedas costumam apresentar oscilações nos valores / Foto: Reprodução

No último dia do mês as moedas costumam apresentar oscilações nos valores Foto: Reprodução

O dólar chegou a encostar em R$ 3,27 nesta terça-feira (31), mas fechou em forte baixa após as declarações do ministro Joaquim Levy (Fazenda) no Senado sobre a possibilidade de o país perder o chamado "grau de investimento", espécie de selo de bom pagador da dívida, das agências de risco caso os ajustes nas contas do governo não forem aprovados.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 1,33%, para R$ 3,203. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve queda de 1,23%, para R$ 3,192. Na mínima, ambos atingiram R$ 3,16.
A Bolsa brasileira fechou com leve queda de 0,18%, para 51.150 pontos.

Além disso, no último dia do mês a moeda costuma apresentar oscilação entre altas e baixas por causa da briga entre investidores pela cotação que vai vigorar nos contratos futuros de dólar (que equivalem a uma compra ou venda futura da divisa).

DISCURSO REALISTA - Para os investidores, Levy fez um discurso realista e sintonizado com o sentimento do mercado financeiro. O ministro alertou os senadores para o risco de rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco caso os ajustes fiscais não sejam implementados.

Nos primeiros negócios o dólar subiu em razão dos dados ruins de deficit nas contas do Tesouro, que colocam em dúvida a eficácia do ajuste promovido pelo governo, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil. Em fevereiro, as despesas com pessoal, programas sociais, custeio administrativo e investimentos superaram as receitas em R$ 7,4 bilhões, contra um saldo negativo de R$ 3,1 bilhões no período correspondente de 2014.

"Levy adotou um tom incisivo em suas declarações, tentando convencer o senado para que proposta seja aprovada. E o risco de perda do grau de investimento -espécie de selo de bom pagador- ainda existe", afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
A disputa entre investidores pela formação da taxa ptax, porém, acabou colocando os dados econômicos ruins em segundo plano, afirma Tarcisio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista.

Todo contrato futuro de dólar vence no primeiro dia útil do mês e usa a Ptax do mês anterior para fazer a correção da diferença em relação à taxa do contrato.

Esta terça (31) também foi o último dia de intervenções diárias do Banco Central no mercado cambial, lembra Galhardo. A partir desta quarta-feira (1º), a autoridade monetária só fará as rolagens integrais dos contratos de swaps cambiais (equivalente à venda futura de dólares).

EXTERIOR - O impasse da Grécia com seus credores aumentou a aversão ao risco dos investidores, afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
A Grécia e seus financiadores União Europeia e FMI (Fundo Monetário Internacional) fracassaram em alcançar um acordo inicial para desbloquear ajuda após credores classificaram um pacote de reformas de Atenas como ideias em vez de um plano concreto, disseram autoridades nesta terça-feira.

Agora, a Grécia se vê diante da possibilidade de ficar sem dinheiro em três semanas a menos que consiga convencer credores a desembolsarem mais ajuda financeira.

BOLSA - A desvalorização das ações da Vale pesou na Bolsa brasileira. Os papéis preferenciais da Vale caíram 3,74%, para R$ 15,45. As ações ordinárias tiveram desvalorização de 3,65%, para R$ 17,94.

As ações preferenciais da Petrobras registraram leve alta de 0,10%, para R$ 9,73. Os papéis ordinários, com direito a voto, teve queda de 0,10%, para R$ 9,58. A estatal quer reajustar em 13% a remuneração de executivos que dirigem a empresa, considerando a média por executivo.

As ações do Itaú Unibanco tinham alta de 0,91%, para R$ 35,31. As ações do Bradesco subiam 1,61%, para R$ 29,67.

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