Brasília

Líderes do DEM veem bravata em entrevista de Dilma sobre crise política

Júlio Cirne
Júlio Cirne
Publicado em 07/07/2015 às 16:29
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Mendonça Filho afirma que o próprio PT tem criticado o governo da presidente / Foto: Reprodução

Mendonça Filho afirma que o próprio PT tem criticado o governo da presidente Foto: Reprodução

A oposição viu como "vitimização" as declarações da presidente Dilma Rousseff de que não vai cair e que há setores que desejam um golpe contra seu governo. Em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", Dilma afirmou que não vai renunciar ao mandato porque não tem nenhuma culpa sobre os desvios de dinheiro na Petrobras e que enxerga uma "oposição um tanto quanto golpista" quando se diz que ela não concluirá seu mandato.

Para o presidente do DEM, senador José Agripino, Dilma fez declarações movidas a emoção.

"Foi uma entrevista movida a pura emoção. A presidente parece achar que a vitimologia será mais forte do que os argumentos jurídicos contidos nas ações que ela terá que enfrentar no Tribunal de Contas da União (TCU), na Procuradoria Geral da República (PGR) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)", disse ele, referindo-se a processos que investigam se a campanha dela à reeleição recebeu recursos do esquema de corrupção na Petrobras; no TCU ela pode ter as contas rejeitadas por conta das pedaladas fiscais do ano passado.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), afirmou que não é oposição, mas o próprio PT, quem tem criticado o governo da presidente.

"A principal reclamação que ela tem que fazer é contra o partido dela mesmo, porque as piores derrotas no congresso têm sido provocadas pelo PT. Quem tem mais vocalizado a respeito do desempenho dela na Presidência não é a oposição. O ex-presidente Lula tem dado carga muito forte, criticando a conduta dela",  afirmou.

"Os aspecto relativos à sua reeleição são de ordem legais. Quem questiona é o TCU, que tem uma composição não partidária. Não há o que questionar na posição do TCU porque ele está cumprindo com suas atribuições. Corre um processo no TSE sobre o que foi praticado de forma inadequada durante a eleição do ano passado", observou o líder.

"Antes de fazer um discurso público na linha da bravata, acho que a presidente deveria tentar serenar os ânimos do país, mostrar uma direção, porque, infelizmente, o quadro atual é de muita contestação do processo de reeleição dela e do desempenho dela como presidente, que não oferece perspectivas de longo prazo", concluiu.

Para o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), acredita que a Câmara precisa ter equilíbrio. "A Câmara precisa exercer um papel de bombeiro e não de incendiário", disse.

Ele avaliou que o clima político está vinculado ao quadro econômico e, nesse sentido, é bom o governo apresentar medidas para melhorar a economia. Ele elogiou a Medida Provisória que será encaminhada ao Congresso e que permite a redução da jornada de trabalho e de salários.

Rosso elogiou a entrevista de Dilma e apontou uma mudança de espírito por parte da presidente. "Quando ela diz que não vai cair, ela está convicta e tranquila sobre qualquer responsabilidade".

Para ele, a convenção do PSDB no fim de semana e declarações dos tucanos de que estariam prontos para assumir o poder fez com que Dilma reagisse.

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