Secretaria de Saúde

Pernambuco lança plano de combate a chikungunya e dengue

Inês Calado
Inês Calado
Publicado em 19/11/2014 às 12:56
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Plano de contingência da chikungunya e dengue para 2015 foi apresentado nesta quarta / Foto: Ana Maria Miranda/NE10

Plano de contingência da chikungunya e dengue para 2015 foi apresentado nesta quarta Foto: Ana Maria Miranda/NE10

Após a confirmação do segundo caso da febre chikungunya em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou, nesta quarta-feira (19), o plano de contingência da doença e também da dengue para 2015. Entre as medidas está um levantamento realizado nos municípios em que há foco do mosquito transmissor Aedes Aegypti. 

Pesquisas da SES apontam que, nos países do exterior em que há epidemia da doença, em 20% deles o paciente está infectado por chikungunya e dengue ao mesmo tempo. De acordo com a secretária de Saúde de Pernambuco, Ana Maria Albuquerque, a preocupação é maior devido à concentração das duas doenças. "A gente vai priorizar a mobilização social, para que a população nos ajude a combater os focos do inseto, porque precisamos evitar que esse ele prolifere e haja epidemia tanto de dengue como de chikungunya no Estado".

Pernambuco recebeu 14 notificações da febre chikungunya, com dois casos confirmados e dez descartados. Dois estão sob análise na cidade de Petrolina, no Sertão, e na Grande Recife. Já em relação à dengue, 5.825 casos foram registrados este ano até o início de novembro, com 35 óbitos.

Ao todo, serão investidos mais de R$ 6,6 milhões na compra de materiais e capacitação de profissionais. 666 médicos e enfermeiros já foram capacitados para manejo clínico da febre chikungunya. Até dezembro, 5,1 mil profissionais serão capacitados.

Para o controle do vetor, a secretaria irá disponibilizar para os municípios bombas costais e equipamentos como capas de vedação. A campanha para combate ao mosquito inclui 26 mil camisas e bonés que serão distribuídos aos municípios, 4,2 milhões de cartazes e folders e spots de rádio. Também serão realizadas ações de agentes comunitários de saúde para esclarecer sobre as doenças, já que 90% dos focos do mosquito estão nas residências e em seu entorno.

Folders serão distribuídos nos municípios para conscientização

Folders serão distribuídos nos municípios para conscientizaçãoFoto: Ana Maria Miranda/NE10

No Estado, a área em que há maior risco de contaminação (que tem mais foco do mosquito) é a cidade de Arcoverde, no Sertão. A Região Metropolitana do Recife (RMR) está em alerta com relação ao risco de epidemia (índice de infestação moderado). 

O plano de enfrentamento da capital pernambucana, divulgado na semana passada, prevê parceria com escolas e associação de moradores, com distribuição de cartilhas. Também estão envolvidas ações da vigilância ambiental para erradicação do mosquito nos distritos sanitários da cidade, além da capacitação de profissionais de saúde para diagnosticar e tratar a febre.

O primeiro caso de chikungunya em Pernambuco foi um missionário infectado durante viagem à República Dominicana. Ele mudou-se para o Ceará, onde recebe tratamento. Já o segundo trata-se de uma mulher que contraiu as duas doenças, residente em Petrolina, no Sertão do Estado. Ela pegou a febre em viagem à Feira de Santana, na Bahia, estado em que foram registrados a maioria dos casos do Brasil, com 458 confirmados. 

No País, são 789 casos. Bahia, Amapá e Minas Gerais foram os estados onde a infecção ocorreu dentro do terrítório. Há casos importados no Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo.

Alguns municípios de Pernambuco têm alto risco de infestação do mosquito

Alguns municípios de Pernambuco têm alto risco de infestação do mosquitoFoto: Ana Maria Miranda/NE10

A febre chikungunya é causada pela picada do mesmo mosquito da dengue, o Aedes aegypti. Os sintomas também são parecidos: febre acima de 39 graus, de início repentino, dores intensas nas articulações dos pés e das mãos, de forma que o nome da doença significa "aqueles que se dobram", em referência ao andar curvado em decorrência da dor sentida, no dialeto Makonde, da Tanzânia, onde o vírus foi isolado pela primeira vez, na década de 50.

O vírus CHIKV, do gênero alphavirus, foi identificado em ilhas do Caribe e Guiana Francesa, país latino-americano que faz fronteira com o estado brasileiro do Amapá, onde os primeiros casos foram notificados.

A febre chikungunya pode afetar pessoas de todas as idades e ambos os sexos. Entretanto, os indivíduos com comorbidades (doenças subjacentes, como diabetes, hipertensão) são mais vulneráveis ao vírus e, consequentemente, podem sofrer mais com a evolução da doença, que pode matar. 

Caso alguma ocorrência seja identificada, o município deve fazer o tratamento focal com larvicidas e perifocal com bombas costais, no quarteirão onde a pessoa infectada estava, continuando pela vizinhança, em um raio de 300 metros, para evitar que mosquitos piquem a pessoa e espalhem a doença. 

Segundo a diretora geral de Vigilância Epidemiológica de Pernambuco, Roselene Hans, todo caso suspeito de chikungunya deve ser, inicialmente, tratado como dengue: "A hidratação da dengue precisa ser mais intensa, porque a doença tem mais risco de ter hemorragia".

Não há tratamento específico para a chikungunya, e o paciente não precisa ser internado, na maioria dos casos. A pessoa infectada é tratada com remédios para controlar a febre e aliviar as dores, deve beber muito líquido e repousar. O paciente não pode ingerir medicamentos com ácido acetilsalicílico.

Os casos mais graves da dengue e da febre chikungunya serão tratados nos hospitais Agamenon Magalhães, Miguel Arraes, Dom Helder, Mestre Vitalino, Barão de Lucena, Getúlio Vargas, Otávio de Freitas, Oswaldo Cruz, Ruy de Barros Correia, Fernando Bezerra Dom Moura, Regional de Palmares e no Hospital das Clínicas.

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