Desenvolvimento

Apoio da escola ajuda famílias a conduzir mudanças na infância e na adolescência

Fabíola Blah
Fabíola Blah
Publicado em 14/08/2019 às 7:00
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Escola deve ser aliada da família nas mudanças que ocorrem na infância e na adolescência / Foto: Divulgação

Escola deve ser aliada da família nas mudanças que ocorrem na infância e na adolescência Foto: Divulgação

Durante a infância e a adolescência, o indivíduo passa por diversas mudanças. São construídas a personalidade, a percepção do mundo, a sexualidade e tantos outros fatores que são inerentes ao crescimento e à trajetória da vida adulta. Mesmo assim, é muito comum que justamente pais, mães e outros responsáveis tenham dificuldades para lidar com as transformações. E também nisso a escola pode ser uma grande aliada da família.

Mesmo ainda muito pequenas, as crianças passam por mudanças. Com relação às transformações do meio, o ideal é que aconteçam paulatinamente, sem atropelos: se será iniciada a vida escolar, outras mudanças como o desfralde ou a retirada da mamadeira e da chupeta devem ocorrer em outro momento. “Cada mudança precisa acontecer, faz parte do desenvolvimento, mas se é possível que ocorram uma a uma, é melhor. Depois de adaptada a uma mudança é que a criança deve ser iniciada a outra”, orienta a diretora da Educação Infantil e do Ensino Fundamental 1 do Colégio GGE, Anabelle Veloso, que é especialista em psicopedagogia.

Já as mudanças internas devem ser conduzidas no ritmo da criança. A primeira coisa que a família precisa fazer é acompanhar, estar próxima. “Não dá para fazer uma linha do tempo e dizer que em tal idade isso vai acontecer, é tudo muito relativo. Isso está cada vez mais misturado. Então, a família precisa buscar entender e, diante de dúvidas, procurar os profissionais da escola ou outros que acompanhem a criança”, continua Anabelle, que faz um alerta importante: não vale a pena “antecipar informações”. Significa que as informações precisam ser oferecidas à medida que as demandas forem surgindo. “Muito pais trazem preocupações com relação à sexualidade, quando é que eu devo iniciar o tema com meu filho? Deve ser a partir do momento em que alguma curiosidade surja sobre, porque, em algum momento, a criança vai trazer”.

Neste caso, talvez o mais “espinhoso” para os pais, as orientações devem ser dadas dentro do nível de entendimento de cada criança. “Não dá para trazer uma explicação científica porque aquilo pode gerar um desinteresse por parte da criança. Também não deve entrar no fantasioso e dizer coisas que não fazem sentido. É preciso ser simples e dizer o que a criança é capaz de entender”, ensina Anabelle. A internet e a televisão podem ser aliadas quando esses assuntos vêm à tona, mas a regra principal é estar junto, conhecer, observar as brincadeiras, o que conversa e ao que tem acesso na internet.

Segurança para passar segurança

No GGE, os alunos são preparados para as mudanças inerentes ao crescimento, à cada etapa pelas quais passarão na vida escolar. Mas esse acompanhamento é estendido aos pais, que influenciam diretamente no sucesso desse processo. “Nosso maior desafio é alguns pais e mães permitirem essa mudança. Temos a necessidade de trabalhar isso até com as famílias, porque percebemos que as crianças ficam bem quando os pais passam segurança para elas. Já envolvíamos os adultos no projeto, mas a nossa ideia é que a partir deste ano a gente possa envolver ainda mais para que entendam o que vai mudar, por exemplo, com a entrada no Ensino Fundamental, para que possam passar segurança para as crianças”, diz Anabelle Veloso.

Para a diretora, os pequenos tendem a se empoderar das próprias mudanças, sentem entusiasmo com seu próprio processo de crescimento. No GGE, todas as mudanças previsíveis são feitas com cuidado. Do Infantil para o Fundamental, a farda é diferente, a disposição das salas, o ambiente. “Utilizamos o segundo semestre para ir mostrando o que vai mudar e o que haverá de bom nessa mudança. O processo pode gerar medo, mas a gente vai acompanhar para mostrar que tudo vai ficar melhor, porque eles estão maiores, mais maduros e terão mais autonomia. Acontece e é importante que aconteça”, enfatiza Anabelle.

Adolescência não é problema, é fase

Condução dos pais com filhos adolescentes deve prezar pelo equilíbrio entre responsabilidade e autonomia

Condução dos pais com filhos adolescentes deve prezar pelo equilíbrio entre responsabilidade e autonomiaFoto: Divulgação

Com os alunos mais velhos, as questões convergem para a mesma pergunta dos pais: “o que é que eu faço?”. “Muitos chegam aqui no GGE com esse questionamento, buscando nossa ajuda. É uma pergunta bem comum e bem difícil, porque cada caso é um caso. Mas a equipe multidisciplinar da escola está apta a ajudar nessas transformações”, pondera o gestor pedagógico do colégio para os Ensinos Fundamental 2 e Médio, Tayguara Velozo.

Entre os principais obstáculos dessa fase, Tayguara aponta o distanciamento entre pais e filhos como o mais complexo. “O pai que antes conseguia ser autoritário e conduzir a vida do filho hoje não consegue mais com tanta habilidade. Esse é o grande desafio e esse distanciamento se dá por ambas as partes: tanto da família, que começa a dar responsabilidades, como do próprio jovem, que começa a reivindicar esse espaço”, explica.

E como este é o momento em que o assunto sexualidade vem mais à tona, a escola também precisa estar atenta e próxima. No GGE, continua Tayguara, o corpo docente é muito atento, estabelecendo relações de confiança no dia a dia. “As dúvidas sobre assuntos relacionados à sexualidade aparecem com facilidade e muitas vezes somos nós que levamos algumas dessas demandas para casa, ajudando a fortalecer o elo entre pais e filhos”.

Tayguara orienta que a condução deve prezar pela autonomia responsável, quando o adolescente deve receber seu espaço, arcar com suas escolhas, mas sendo orientado quanto às suas obrigações e responsabilidades. “Equilíbrio”, resume o gestor. No caso da escola, Tayguara enfatiza que a rotina de estudos aplicada desde a infância desperta a autonomia do “estudar sozinho” no jovem. “Essa rotina de estudo, a exigência por boas notas, a responsabilidade com relação a horários, organização. Quando essas regras estão bem estabelecidas, isso funciona com mais tranquilidade. Existe uma tríade: a escola, a família e o aluno. Os três pilares são fundamentais”.

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